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Coração de mãe não se engana

No post anterior, comentei que estava realmente sentindo a necessidade de criar algum canal para poder por pra fora as minhas angústias de ver que a cria crescendo e, com o crescimento dela, crescia também a minha inexperiência (e, porque não dizer, ignorância) no quesito "criá-la". Parece que eu acordei, naquele dia, e me dei conta que, do nada, a cria tinha crescido. E eu não reconhecia mais nela a minha bebezinha.

Óbvio que ela não cresceu de um dia para o outro, mas acho que eu tinha motivos para ter tido esse estalo assim de repente. Coração de mãe não se engana mesmo. Como muito bem dizia a minha avó, tinha caroço naquele angu.

Como faço de tempos em tempos, essa semana fui dar aquela olhada básica nos gadjets da cria. Aquela conferida clássica no telefone e no tablet, pra ver quais aplicativos ela anda usando, com quem anda falando, que sites anda visitando, etc. Nada de novo na vida.

Ela já tinha comentado comigo que estava usando um app novo chamado Animo (a "carinha" dele é essa da imagem aí abaixo), e eu também já tinha notado que o telefone dela não parava de apitar/vibrar com notificações dessa parada aí.
Fui pesquisar sobre, e não achei nada de mais. É meio que uma rede social, em que você escolhe seus interesses, encontra pessoas que têm os mesmos interesses e passa a conversar com elas em uma coisa que bem me pareceu uma sala de bate-papo do Uol. Apenas mais uma ferramenta como diversas outras (que, sendo boas ou ruins, existem, e as crias vão usá-las). As resenhas sobre o app, em geral, são positivas, mas depois notei que só são comentários positivos porque na grande maioria das vezes são feitos por adolescentes que, diga-se, não sabem bosta nenhuma sobre o que é um aplicativo bom.

Em tempo: eu não vou entrar no tema de "dar ou não dar telefone/tablet para o filho com determinado idade", porque esse assunto é muita treta. Não julgo quem deu, não julgo quem não deu, e não me interesso pelo julgamento que os outros têm sobre eu ter dado. Mas a realidade aqui em casa é essa: cria tem um tablet (que ganhou do avô) desde os 4 anos, e, recentemente, ganhou o primeiro telefone. Está terminantemente proibida de levar ele pra escola (sob pena de confisco!) e precisa deixar com uma senha de desbloqueio que eu saiba, porque de tempos em tempos eu vou verificar o que tem no telefone. Essas são as regras.

Voltando ao tema, estava eu fazendo a verificação de praxe no celular dela e resolvi entrar nesse app. Encontrei um post deladaqueles que listam "10 coisas sobre mim". Nada de anormal, exceto um item que dizia "tenho baixa depressão". Li e reli este post. E notei que abaixo tinha dois comentário que perguntavam what the fuck is baixa depressão. Não havia resposta dela para esses comentários. 

Fucei mais um pouco e achei algumas conversas. Não gostei muito de umas (embora as tenha considerado inofensivas), não me importei com outras, até que cheguei em uma delas que pá: 🤯

Aparentemente, ela arrumou uma amiga nesse app. Vamos chamá-la de Amiga 1. Em um determinado dia, tal da Amiga 1 se dizia deprimida. 

Pausa. Pronto: já linkei a tal da "baixa depressão" com essa Amiga 1, para quem eu já emano todo o meu ódio e vontade de gritar "sai de perto da minha filha, porra". Mentira. Não emano nada não porque acredito na lei do retorno. Mas tenho uma raivinha sim.

A tal Amiga 1, deprimida, dizia que ia se matar e, então, postou a foto dela segurando uma faca. 😓
Minha cria pediu para ela não fazer isso, e, em outra janela, chamou a Amiga 2 e comentou o fato com outra pessoa, dizendo que não sabia o que fazer a respeito e pedindo ajuda.

As duas conversas acabaram, e, no dia seguinte, prosseguiram normalmente, todos dizendo que estava tudo bem, e vida que segue.

😐🙄

Achei essa conversa mega estranha e péssima e já senti caindo sobre mim o raio culpabilizador típico da maternidade. Minha cria, com 10 anos de idade, estava tendo este tipo de conversa com pessoas que ela não conhece. Que mãe horrível sou eu. Que absurdo. Chamem o Conselho Tutelar.

Ok, ok... dramatizei. Mas sim. Eu realmente me senti a pior mãe do mundo.

E me pus a pensar em como abordar este assunto com ela. Fiquei uns dias com o coração apertado, pensando, remoendo, repensando, encontrando uma forma de conversar e problematizar e desmistificar e explicar. Fiquei neste processo até ontem à tarde, quando recebi uma notificação no aplicativo da escola da cria que a coordenadora queria conversar comigo.

Na hora, só pensei: "eu já sabia."

Estive na escola hoje, mas claro que não posso falar sobre isso agora, porque tenho que levar a bonita para a aula de ginástica. Afinal, pra que mais servem as mães senão pra levar as crias pra lá e pra cá, né?

🤦🏾‍♀️

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