Tempos atrás eu descobri um podcast chamado Sinuca de Bicos. São quatro ou cinco mães, de crianças pequenas (o filho mais velho tem 2 anos, se não me engano), falando sobre maternidade real. Achei sensacional (inclusive recomendo!) e desejei muito ter ouvido isso quando eu estava grávida ou quando a cria ainda era bebê. Faz falta alguém pra dizer que tá tudo bem se for 98% do tempo perrengue.
Não achei ainda nada que fale sobre como funciona quando os filhos crescem. Seria bem legal se tivesse. E, como já mencionei, pretendo fazer um podcast todo meu sobre.
As mães de lá são super abertas e muito mais preparadas que eu era. Mas, se eu pudesse, diria a elas para aproveitar bastante agora, porque os 98% de perrengue que elas estão vivendo são fichinha perto do que está por vir.
🙊
Tenho conversado com outras mães de crias maiores, e todas elas me dizem que é assim mesmo, e que vai passar. E isso eu já sei. Mas mesmo já sabendo disso, eu continuo não sabendo muito bem como lidar com o "ainda não passou".
Fui na escola da cria ver o que a coordenadora dela queria, mas não tinha conseguido, depois, escrever aqui sobre como foi, por motivos de: acorda, arruma quatro, arruma cria pra escola, leva cria na escola, corre no parque, volta, toma banho, trabalha, prepara almoço, busca cria na escola, almoça, arruma cozinha, trabalha, leva cria na ginástica ou inglês ou piano ou etc., vai no banco ou correio ou supermercado ou hortifruti ou dentista ou ginecologista ou etc., busca cria, volta pra casa, trabalha, arruma a janta, janta, arruma a cozinha, trabalha, toma banho, verifica se a cria já tomou banho ou escovou os dentes ou limpou a orelha ou penteou o cabelo ou etc., arruma as coisas pra cria dormir, trabalha, dorme.
Enfim.
Era mesmo meio que o que eu esperava. Cria escreveu em um bilhete que andava muito triste, que achava que estava deprimida (olha aí a influência do app que comentei no post passado...), professora achou o bilhete, coordenadora ficou preocupada, e me chamou.
A escola dela é bem atenta a essas coisas, esses pequenos sinais de que alguma coisa desandou, e eu achei bacana ter sido chamada para conversar, como também achei bacana a conversa que tive lá. Foi bom ouvir de alguém teoricamente mais experiente que é isso mesmo, e que eu estou fazendo da maneira certa. Às vezes, a gente precisa de uma voz alheia para reafirmar o que no fundo a gente já sabe.
Mas a conversa que tive aqui, depois, foi um pouco mais difícil. Na verdade, não sei se difícil é a palavra certa. Foi uma conversa para a qual eu precisei me preparar, me esforçar, me controlar, me centrar. E no fim, acho que deu certo: fui séria, mas não brava. Dura, mas não teve tom de briga. Falei sobre a realidade. Sem floreios. Sem faz de conta. Fui mãe, e não amiga.
E é esse equilíbrio entre o mãe e o amiga que pega. Provavelmente vou escrever sobre isso talvez em um outro post. Mas essa é, de fato, a parte foda da coisa toda: não tem tutorial ou DIY no youtube que ensine onde achar esse equilíbrio.
Expliquei uma série de coisas, desde o que realmente é a depressão (para que ela entendesse que ela não tem, mas que se um dia tiver, é comigo que para mim que ela tem que falar, mesmo que seja pra dizer que não é comigo que ela quer conversar) até o crescimento e mudanças pelas quais ela ainda não está passando, mas vai passar. Teve choro, teve abraço, teve perguntas, teve eu não sei como resposta, e teve o conforto de que mesmo estando difícil e mesmo não sabendo, tá tudo bem, porque estamos juntas.
(É noiz, filha!)
Adolescência é foda mesmo. E fiz questão, antes de chamá-la para conversar, de me lembrar de como foi a minha adolescência (que, diga-se de passagem, foi recheada de toda rebeldia possível), para tentar entender e explicar como pode ser que seja para ela. Também fui bem sincera no quesito "eu não sei de tudo, eu também erro, eu também estou aprendendo a lidar com isso."
Correu melhor do que eu esperava. Conversamos por mais de uma hora, e, ao contrário do que vinha acontecendo, desta vez, ela também falou (não apenas ouviu). Chegamos a alguns acordos, fizemos algumas concessões, nos comprometemos uma com a outra. E, por enquanto, tudo bem por aqui.
Alguns dias depois, encontrei com um amigo e dividi um pouco dessas paranoias todas. Mencionei que tenho conversado com ela de igual para igual, e ele me questionou se eu não achava que era muito cedo para isso. Essa pergunta ecoou na minha mente por um tempinho, mas depois eu me lembrei que os filhos dele são muito menores que a cria (a mais velha tem 4 anos), então, foda-se... sobre este assunto, ele realmente não sabe de nada ainda.
O fantasminha do "não sei como ser mãe" está um pouco afastado por enquanto e as águas estão calmas.
Por enquanto.
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